domingo, 19 de junho de 2011

Dia Mundial de Cuidados Paliativos Cuidados com as pessoas com doenças graves são essenciais

Déa Januzzi - Estado de Minas
Publicação: 10/10/2010 09:43 Atualização:
Quando o pai do clínico José Ricardo de Oliveira morreu, em 2005, no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) de um hospital em Belo Horizonte, depois de 39 dias de internação por problemas cardíacos, nem se falava ainda em atenção domiciliar, quanto mais em cuidados paliativos e hospices (lugares para se morrer com dignidade). Embora fosse médico e estivesse entre profissionais e amigos, José Ricardo não conseguiu tirar o pai do hospital, apesar das súplicas e do desejo dele de sair dali. O pai do médico morreu no CTI, sozinho, entubado, traqueostomizado, sem o direito de passar seus últimos dias em casa, com a família.

Ninguém, na época, pensaria que, em certos casos, cuidar é mais do que curar. Quando não há mais chance de salvar uma vida pelos métodos convencionais, o caminho mais seguro é o do respeito, do afeto e do aconchego para que a pessoa possa ter uma morte digna.

A experiência da morte paterna marcou para sempre a vida do filho e deu uma guinada na carreira do médico. Com um título de especialização em Bioética, direitos e suas aplicações pela PUC Minas, José Ricardo se debruçou sobre a terminalidade da vida. Meses depois da morte do pai, ele iniciou na UFMG o primeiro estudo qualitativo, na clínica médica, sobre a morte com dignidade para pacientes sem perspectiva de terapêutica convencional. Acompanhou seis pacientes, de 16 a 90 anos, e seus familiares, durante um ano. “Alguns morreram em três meses, outros em até um ano.

Como era uma pesquisa ativa, tive a oportunidade de entrevistar pacientes, médicos e familiares. A pesquisa virou dissertação de mestrado e agora o livro Silêncio, edição do próprio autor e que acaba de ser lançado na Associação Médica de Minas Gerais, dentro da programação do Dia Mundial de Cuidados Paliativos, lembrado, ontem, em todo o país.

Ninguém melhor do que José Ricardo para falar sobre a dignidade do morrer, pois em março de 2007 ele foi convidado a integrar a equipe da Unimed-BH de atenção domiciliar e dois meses depois a de cuidados paliativos. Dessa época até agosto de 2010, a cooperativa médica já prestou assistência a 509 pacientes, sendo que 384 morreram em casa, e o restante no hospital. Segundo ele, a estatística de 76% de pacientes que partiram em casa é uma das maiores do mundo, superando até países como Inglaterra e Estados Unidos, com 50% de mortes domiciliares.

Mesmo sendo países que já adotam o sistema de cuidados paliativos e hospices há mais de 40 anos. No Rio de Janeiro, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) transformou o Hospital IV num hospice para receber pacientes terminais, mas o número de óbitos domiciliares não ultrapassa 20%”, assegura.

De lá para cá, mesmo com um certo atraso, Belo Horizonte vem seguindo os passos do Movimento Hospice, fundado em Londres, em1967, pela médica e enfermeira Cicely Saunders, e, nos Estados Unidos, no mesmo período, por Elizabeth Kübler Ross. O movimento reafirma a vida e vê o processo de morte como natural, adotando uma terapia eficiente da dor, que combata o sofrimento físico, psíquico, social e espiritual. `”Juntos até o fim” é a herança deixada pela britânica Cicely.

Ética

O Brasil também pode aplaudir. O Código de Ética Médica (CEM), do Conselho Federal de Medicina, que entrou em vigor em 13 de abril deste ano e teve consideração com os cuidados paliativos. O capítulo I, artigo 22º, prevê que, nos casos de doença incurável e terminal, o médico deve oferecer os cuidados paliativos disponíveis sem empreender ações diagnósticas ou terapêuticas inúteis ou obstinadas. E também levando em conta a vontade expressa do paciente ou de seu representante legal. O CEM também diz que ao médico não é permitido abreviar a vida do paciente, ainda que a pedido.

Em setembro de 2007, o caderno Bem Viver divulgou, pela primeira vez, a Manifestação explícita da própria vontade – Living will –, hoje chamado de Testamento Vital, onde a pessoa expressa como quer ou não ser tratada quando se tornar incapaz de participar efetivamente das decisões sobre tratamento médico, medidas heróicas e sobre o destino a dar ao corpo depois da morte, se vai ser sepultado ou cremado. O Testamento vital está em vias de virar lei. 

O projeto nº 6.715 , de 2009, que dispõe sobre os direitos da pessoa em fase terminal de doença, já passou pelo Congresso Nacional e agora está para aprovação na Câmara dos Deputados. Em Belo Horizonte, a inglesa Judy Robbe, a primeira a fazer o testamento cumpriu fielmente – e com amor e respeito – o prometido e assinado em cartório ao marido Paul. O casal vivia na capital há 50 anos, e ela e os filhos ficaram perto dele até o fim, em novembro de 2009.

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