quarta-feira, 19 de outubro de 2011

ETIOLOGIA, FATORES DE RISCO E PREVENÇÃO DA DOENÇA DE ALZHEIMER



A deterioração do tecido cerebral observada na doença de Alzheimer caracteriza-se fundamentalmente pela redução do número de neurônios por morte e pelo comprometimento da função dos neurônios remanescentes. Diante da incapacidade de regeneração do tecido nervoso, os sintomas cognitivos, comportamentais e afetivos instalam-se. Inúmeros fatores podem produzir lesão ou morte dos neurônios, levando ao aparecimento dos sintomas cognitivos, comportamentais e afetivos que caracterizam a doença de Alzheimer.

As causas da doença de Alzheimer não são claramente definidas, mas há vários estudos e pesquisas que defendem a tese que a maioria dos casos se deve à soma de fatores de risco como a idade, traumas cranianos, hábitos de vida errôneos como etilismo e tabagismo, fatores genéticos, desencadeando uma série de efeitos fisiopatológicos que, ao longo de décadas, levam à demência.

Alguns fatores genéticos estão envolvidos como é o caso dos cromossomos 1, 12,14,19 e 21. Muitos cientistas defendem a tese que as mutações alteraram os mecanismos pelos quais a proteína betaamilóide é processada, surgindo fragmentos de proteínas mal cortadas, tóxicas, dentro dos neurônios e nos espaços que existem entre eles e conseqüente depósito e agregação de resíduos de aminoácidos, conhecidos como peptídeos amilóides beta. Este peptídeo beta-pregueado tem propriedades neurotóxicas e gera uma incompreensão dos eventos, com morte neuronal, perda sináptica e formação de emaranhados neurofibrilares e finalmente das placas senis que caracterizam histopatologicamente a doença de Alzheimer.

Estudos publicados mostraram que a proteína que se acumula dentro dos neurônios dos doentes com Alzheimer, é diferente da que se acumula nos espaços existentes entre eles. A proteína beta-amilóide se deposita em placas que causam destruição de neurônios por criar processo inflamatório crônico nas regiões afetadas, interferir com a regulação de cálcio, essencial para a condução dos estímulos nervosos, e aumentar a produção de radicais livres, tóxicos para as células nervosas.

A associação entre a doença de Alzheimer e a síndrome de Down levou à descoberta do primeiro gene desta doença no cromossomo 21, que é o cromossomo extra, envolvido na síndrome de Down, onde também se localiza o gene para a proteína precursora do amilóide (PPA) e, portanto, possuem 50% de capacidade a mais de gerar a fonte da proteína beta-amilóide, constituinte primário das placas amilóides que se depositam no cérebro com doença de Alzheimer. Indivíduos com síndrome de Down apresentam envelhecimento prematuro e praticamente todos apresentam doença de Alzheimer, clínica e neuropatologicamente confirmada, entre 40 e 50 anos de idade.

É considerado como fator de risco o gênero feminino; a doença de Alzheimer afeta tanto homens como mulheres, mas o risco é significantemente maior nas mulheres que nos homens atribuído à perda do estrogênio em mulheres pós-menopausa.

Recentes pesquisas apontam como agentes etiológicos, a toxicidade a agentes infecciosos, ao alumínio, a radicais livres de oxigênio, a aminoácidos neurotóxicos e a ocorrência de danos em microtúbulos e proteínas associadas. Estes agentes podem ainda atuar por dano direto no material genético, levando a uma mutação somática nos tecidos.

A história prévia de traumatismo crânio-encefálico também parece ter importância no desenvolvimento da doença de Alzheimer.

Diante da complexidade da doença de Alzheimer, muitos estudos e pesquisas vêm sendo realizados buscando suas causas e melhor compreensão. Algumas conclusões já foram demonstradas: existem dois tipos de Alzheimer: a doença de Alzheimer familiar e os casos esporádicos da doença de Alzheimer.

Algumas famílias têm prevalência mais alta da doença de Alzheimer, mas também podem surgir casos esporádicos da doença em famílias que nunca apresentaram nenhum caso. Cerca de 10% a 60% dos pacientes com histórico familiar da doença apresentam precocemente a doença, geralmente antes dos 50 anos e a evolução dos sintomas é muito mais rápida. Nestes casos, foram descritas mutações de genes presentes nos cromossomos 1 e 14. Nas formas de Alzheimer que se instalam tardiamente, parece estarem envolvidos outros genes, ligados à apo lipoproteína E, envolvida no transporte de colesterol e na reparação de defeitos celulares.

A prevalência da doença de Alzheimer aumenta conforme a idade. Muitos especialistas afirmam que há duas variações do Mal de Alzheimer, sendo que 95% dos acometidos são portadores da forma esporádica que se manifesta após os 60 anos sem necessariamente ter outro caso na família e 5% possui o Alzheimer familiar cuja principal característica é o acometimento antes dos 60 anos e cuja evolução é muito mais rápida e agressiva.

Outros estudos em andamento, acompanhando pessoas idosas com 90 anos e mais, têm como resultados que, o risco de iniciar a doença de Alzheimer apos 90 anos é diminuído.

No envelhecimento há queda natural da capacidade da resposta imunológica e por isso o desenvolvimento de patologias é mais freqüente e mais grave. Fatores extrínsecos como o estilo de vida, as condições socioeconômicas e os fatores psicossociais e ambientais, determinam alterações funcionais, celulares e moleculares, que acarretam diminuição da capacidade de manutenção do equilíbrio homeostático ocasionando maior predisposição a doenças.

O colesterol é necessário para a integridade da bainha de mielina que envolve as raízes nervosas. A apolipoproteína é uma proteína presente na circulação, importante no transporte de colesterol no sistema nervoso central. Indivíduos em que essa proteína possui determinadas características genéticas têm probabilidade mais alta de desenvolver a doença de Alzheimer.

Paralelo aos fatores de risco existem fatores protetores da doença de Alzheimer. O conhecimento, a escolaridade, as atividades intelectuais, proporcionam novas conexões entre os neurônios (sinapses) e aumentam a reserva intelectual, fatores que retardam o aparecimento das manifestações de demência. O analfabetismo e a baixa escolaridade estão associados à maior prevalência. Vários estudos sugerem que a atividade física tenha efeito protetor.


Existem também estudos que mostram que pessoas que vivem sob baixas condições de stress, fazem uso de dieta saudável, desenvolvem atividade física regularmente e são mentalmente ativos, podem ter reduzido risco de contrair a doença de Alzheimer.

No Brasil, estudos mostraram que fatores não-genéticos, chamados ambientais, também podem influenciar na manifestação da doença como o tabagismo, o etilismo, e o uso de drogas.


A composição da dieta, uso adequado de suplementos e mudanças simples no estilo de vida, inclusive exercícios mentais e físicos são fatores que podem favorecer positivamente o funcionamento cerebral, além de facilitar a captação dos neurotransmissores, essenciais a memória, inteligência, criatividade e humor. Ao longo da vida as células, inclusive as do cérebro, são danificadas por substâncias químicas instáveis, chamadas radicais livres de oxigênio, que levam a uma diminuição do ritmo de produção de energia. A ação destas substâncias compromete a atuação dos neurônios, pois provocam a retração dos dendritos e o desaparecimento das sinapses, reduzindo a capacidade de comunicação entre as células danificando o funcionamento mental. Após anos de exposição aos radicais livres, os neurônios podem ser destruídos e por fim provocar a doença de Alzheimer.


Pesquisas vêm sendo realizadas há muitos anos sobre a ação de antiinflamatórios não hormonal no tratamento da doença de Alzheimer. Este medicamento parece provocar o bloqueio do processo degenerativo que ocorre no sistema nervoso na doença de Alzheimer, inibindo a formação da proteína amilóide. Muitos antiinflamatórios não produzem os mesmos resultados contra a doença de Alzheimer, como a aspirina, gerando controvérsias no meio científico. Outra ação importante destes antiinflamatórios é que eles não atuam sobre outras proteínas do sistema nervoso, o que ocorre com outros medicamentos usados no tratamento do mal de Alzheimer que alem de atuarem sobre a proteína amilóide atuam também sobre outras proteínas gerando efeitos colaterais.

Uma pesquisa realizada no Convento das Irmãs de Notre Dame, em Minnesota, pelo pesquisador americano David Snowdon, trouxe à tona uma questão ainda não levantada. As irmãs tinham muitas características em comum: não bebem, não fumam, não passaram pelas transformações hormonais da gravidez, são da mesma raça (branca), têm origens semelhantes e comem os mesmos alimentos. Mesmo assim havia alto índice de prevalência da doença de Alzheimer. Através do estudo durante 15 anos, Snowdon e sua equipe, colheram muitos dados, inclusive os que constavam da ficha de admissão das irmãs quando de seus votos iniciais, mantiveram convivência com elas e ainda fizeram estudos histopatológicos em laboratório, estudando o cérebro das que iam morrendo. A conclusão foi surpreendente: existe uma causa de fundo emocional para o mal de Alzheimer. Eram mais acometidas por essa doença as freiras que na juventude não experimentaram “emoções positivas” (felicidade, esperança, gratidão, satisfação), nem mantiveram essas emoções no decorrer da vida.

O filme “Íris” mostra a historia de uma escritora inglesa, que teve uma vida ativa, uma mente brilhante, extremamente produtiva e bem sucedida, foi acometida pela doença de Alzheimer e perdeu a vida antes mesmo de morrer.

Há muito a ser estudado, pesquisado, compreendido, lembrando que o grande dificultador é a ausência de comprovação diagnóstica em vida e sim, somente após a morte através de exame do cérebro da pessoa atingida pela doença. Algumas conclusões já são admitidas pelos pesquisadores: o estilo de vida sedentário focado em uma só atividade; processos inflamatórios sem manifestações clássicas e muitas vezes desconsiderados ou tratados com auto medicação; hábitos alimentares errôneos com abuso de carnes gordurosas, embutidos, conservantes, refrigerantes, adoçantes a base de ciclamato; distúrbios do sono notadamente a apnéia do sono; uso e abuso de drogas e álcool são fatores que podem levar à desorganização das células nervosas e ter como conseqüência a instalação da doença e Alzheimer.


A doença de Alzheimer não tem cura, porém quando o tratamento é iniciado precocemente, pode minimizar o desenvolvimento e consequentemente seus sintomas e agravamento. A pessoa fica tranqüila e a convivência muito mais fácil. Começar o tratamento cedo quer dizer cedo mesmo, logo nas primeiras alterações comportamentais que geralmente familiares e ou cuidadores acham "que é coisa da idade". Estar atento a estas mudanças, é uma oportunidade para familiares e cuidadores. Não é com censura ou repressão que é possível minimizar ou controlar a doença e sim assumindo que há mudanças e encaminhando essa pessoa idosa para um atendimento especializado. Cabe ao medico o diagnóstico.

Aceitar o Mal de Alzheimer como diagnóstico de um familiar é o início da vivencia do Bem no Mal de Alzheimer.


Claudia Simao

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